1916 - A Frente Ocidental
O ano de 1916 veio confirmar os problemas verificados no ano anterior, resultantes de uma guerra de posição, em que a mobilidade foi reduzida ao mínimo. Os Aliados e as Potências Centrais continuavam a procurar forma de ultrapassar o impasse criado pela guerra de trincheiras, como tinha acontecido em 1915, quando os alemães lançaram um ataque com gás cloro. Em 1916, o gás continuou a ser utilizado por ambas as partes, mas, com a mesma finalidade, estreou-se no campo de batalha um novo equipamento, o carro de combate, que os britânicos designaram por "tank", e que, fora dos meios militares, é muitas vezes referido como tanque de guerra.
Dos confrontos verificados em 1916, na Frente Ocidental, identificamos duas grandes ofensivas que, em geral, são referidas como batalhas: a Batalha de Verdun (21 de fevereiro a 18 de dezembro de 1916), uma ofensiva alemã; a Batalha do Somme (1 de julho a 18 de novembro de 1916), uma ofensiva dos Aliados. Em ambas as ofensivas há uma mudança de estratégia. A impossibilidade de obter uma vitória rápida conduziu à estratégia (militar) de atrito e exaustão. Isto significa duas coisas: destruir as forças do oponente, mais depressa do que ele consegue substituí-las e assegurar, ao mesmo tempo, manter o nível de destruição das próprias forças num patamar suportável; provocar o desgaste psicológico do oponente, provocando uma quebra do moral das tropas e da confiança da opinião pública [ECHEVARRIA II, pp. 30-46].
Para além das operações militares referidas, verificaram-se, em 1916, outros acontecimentos importantes que, de alguma forma, se refletiram na Frente Ocidental:
- No dia 9 de janeiro de 1916, terminaram as operações de evacuação dos Aliados na Península de Gallipoli. Foi uma importante vitória do Exército Otomano sob comando alemão. A operação de evacuação que pôs fim à Campanha de Gallipoli foi executada sem nenhuma baixa por parte dos Aliados;
- Nos dias 31 de maio e 1 de junho foi travada a Batalha da Jutlândia, confronto naval entre a Royal Navy Grand Fleet, sob comando do Almirante Sir John Jellicoe, e a Hochseeflotte da Kaiserliche Marine (Frota de Alto Mar da Marinha Imperial Alemã), sob o comando do Vice-almirante Reinhard Scheer. Ambas as frotas clamaram por vitória.
- Continuaram as operações na chamada Frente de Salónica, na Península Balcânica e a Campanha da Palestina; os Árabes revoltam-se contra os turcos, graças, na maioria, ao trabalho do Tenente britânico Thomas Edward Lawrence (Lawrence da Arábia). Na Mesopotâmia, a 29 de abril, os britânicos sofreram uma importante derrota em Kut-al-Amara.
- Em África, a colónia alemã dos Camarões (Kamerun) é ocupada pelas tropas francesas e britânicas. Na África Oriental Alemã (Deutsch-Ostafrika), o comandante alemão, Coronel Paul Emil von Lettow-Vorbeck, continuou a desafiar a grande superioridade numérica das tropas imperiais britânicas. Nunca se rendeu, até ter conhecimento da rendição alemã na Europa.
- Na Frente Leste, a 4 de junho, tem início a Ofensiva Brusilov, assim chamada porque o seu comandante era o General russo Aleksei Alekseevich Brusilov. A Áustria-Hungria mostrou, mais uma vez, estar inteiramente dependente do apoio alemão para manter a sua própria sobrevivência.
GUERRA DE ATRITO OU DE DESGASTE
Guerra de atrito (Attrition warfare, em inglês; guerre d'usure, em francês; Materialschlacht, em alemão) é um tipo de guerra que «sugere um estilo de luta ditada por superioridade material, em que o inimigo é desgastado em vez de derrotado» [STRACHAN, Hew, «Attrition» in The Oxford Companion to Military History, pp 105-106]. O objetivo imediato deste tipo de guerra é provocar a exaustão do inimigo, tendo em vista readquirir a capacidade de utilizar o movimento, de manobrar, para derrotar o inimigo de forma decisiva. É um tipo de guerra que poderá ser utilizado, se estiverem disponíveis os recursos necessários, quando não é possível aplicar uma estratégia de aniquilamento e a ideia é «levar o opositor à mesa das negociações através da exaustão. A expressão alemã Materialschlacht significa “Batalha material”, o que traduz um dos fatores a ter em conta na aplicação deste tipo de guerra, mas não dá o necessário relevo aos recursos humanos.
Na Primeira Guerra Mundial, após terem sido construídas as linhas de trincheiras que caracterizaram a Frente Ocidental, o Elemento Essencial do Combate (EEC) “Movimento” ficou muito restringido devido ao aumento extraordinário do EEC “Fogo”. Este era proporcionado por uma artilharia muito mais poderosa do que aquela que existiu nas guerras anteriores e pelas metralhadoras que provocavam baixas muito elevadas sempre que um dos lados pretendia tomar a iniciativa e atacar, isto é, movimentar-se em direção ao inimigo, executando um ataque frontal, já que os flancos daqueles longos dispositivos defensivos eram o Mar do Norte e a Suíça. Por esta razão, os ataques realizados nunca conduziram a resultados decisivos e provocaram sempre um número elevadíssimo de perdas humanas. Não sendo possível derrotar decisivamente o inimigo, foi adotada uma estratégia destinada a enfraquecê-lo de tal forma que acabaria por reconhecer a impossibilidade de continuar a luta.
Em 1915, o General Henry Seymour Rawlinson, comandante do IV CE britânico, defendeu o método "bit and hold", que significava conquistar um sector da linha da frente inimiga, por forma a forçar o inimigo a atacar para reconquistar a posição, sofrendo mais baixas do que os que a defendiam. Esta prática pressupõe que o terreno conquistado seja importante para o inimigo e que a força que o conquista disponha do poder de fogo suficiente para o manter. A lógica da guerra de atrito implica que os ataques devem ser cancelados quando as baixas excedem as do inimigo. Neste caso, as operações na zona onde é aplicado este tipo de guerra podem ser canceladas e, quando esta estratégia envolve a totalidade das forças, então exaustas e debilitadas por elevadas perdas, a paz pode ser negociada sem que uma das partes tenha derrotado a outra.
Quando existe um equilíbrio das forças em presença num teatro de operações e é posta em prática uma estratégia de atrito, preveem-se, em geral, batalhas longas, com grandes perdas e cujos resultados, não sendo definitivos, poderão não ser vantajosos para nenhuma das partes. Neste caso, a guerra de atrito, com todas as perdas em recursos humanos e materiais que implica, não é nem militar, nem politicamente aceitável porque o desgaste das forças em presença deverá ser o meio para atingir um fim e não o fim a alcançar [STRACHAN, «Attrition»]. Por outras palavras, quando o estado de exaustão da força inimiga não é alcançado, quando esta continua a lutar e mostra capacidade de reagir, torna-se necessário alterar a estratégia, normalmente adotando uma atitude defensiva, porque o desgaste faz-se sentir em ambos os lados e as perdas humanas e materiais bem como o esforço para alimentar essa guerra acabará por enfraquecer aquele que tomou a iniciativa.
Em resumo: na impossibilidade de concentrar forças suficientemente fortes para derrotar um inimigo bem protegido num complexo sistema de trincheiras (uma longa proteção coletiva), a guerra de atrito iria permitir ao atacante reduzir o moral, destruir equipamentos, abastecimentos e infraestruturas, eliminar recursos humanos de um inimigo, mais rapidamente do que esse inimigo conseguiria repor os recursos perdidos, o que conduziria à sua derrota ou, pelo menos, a um colapso local, situação que poderia permitir retomar a guerra de manobra e obter mais rapidamente um resultado decisivo [MURRAY, «Attrition Warfare»].
O caso clássico da “estratégia de atrito” foi a ofensiva alemã de Verdun, em 1916. No chamado “Memorando do Natal” de 1915, o Chefe do Estado Maior General alemão, General Erich von Falkenhayn, apresentou uma proposta que consistia não em conquistar mais território, mas levar o exército francês a “sangrar até à morte” na defesa do complexo fortificado de Verdun. Neste memorando, Falkenhayn analisa as possibilidades de derrotar a Inglaterra: no mar, através da guerra submarina e em terra, na Frente Ocidental, através da França que considerava estar militar e economicamente enfraquecida, quase no limite do esforço que poderia suportar. «Se nós conseguirmos fazer compreender claramente ao povo francês, que não tem nada a esperar do ponto de vista militar, os limites serão atingidos e a Inglaterra perderá a sua melhor espada no continente.» [GUILLEMINAULT, pp. 185-186]
Falkenhayn considerou que, para atingir aqueles resultados, não era necessário procurar obter uma vitória decisiva sobre o inimigo, ação para a qual não dispunha de forças suficientes. Os objetivos podiam ser atingidos com efetivos limitados. A questão era escolher um objetivo que o alto-comando francês se sentisse obrigado a defender a todo o custo. Os recursos franceses, especialmente os seus recursos humanos, seriam exaustos num combate que não podiam evitar. Mas se o alto-comando francês decidisse evitar tal situação e abandonar o objetivo aos alemães, então o efeito moral sobre os Franceses seria enorme. Falkenhayn acrescenta ainda:
«A zona em que se desenvolverá a nossa ofensiva será claramente limitada, a Alemanha não será obrigada a empenhar efetivos tais que todas as outras frentes sejam desguarnecidas de uma maneira inquietante.
Podemos esperar com confiança ataques de diversão do inimigo e mesmo economizar efetivos suficientes para responder a esses ataques com contra-ataques. Será possível executar a nossa ofensiva rápida ou lentamente, de parar por algum tempo ou de a reforçar, a nosso belo prazer.
Os objetivos aqui em questão são Belfort ou Verdun. No entanto, é Verdun que merece a preferência.» [GUILLEMINAULT, pp. 185-186]
Escolhido o objetivo, Verdun, o plano que Falkenhayn se propunha executar era muito simples: os franceses seriam forçados a lutar numa zona estreita, mas crucial, da Frente Ocidental; seriam obrigados a empenhar reforços na batalha de atrito (ou desgaste) quando as circunstâncias materiais favoreciam os alemães e, assim, seriam inevitavelmente derrotados. «Se os franceses desistirem da luta, perderão Verdun; se persistirem, perderão o seu exército.» [KEEGAN, p. 279]
O Memorando de Natal de 1915, supostamente um relatório de situação apresentado por Erich von Falkenhayn, foi transmitido ao Kaiser na época do Natal. No entanto, este documento chegou até nós apenas através das próprias memórias de Falkenhayn, intituladas Die Oberste Heeresleitung 1914–1916 in ihren wichtigsten Entschließungen (O Comando Supremo do Exército 1914–1916 nas suas Decisões Mais Críticas, 1920). Não sendo possível aceder ao documento original, alguns autores põem em dúvida a sua autenticidade.
A BATALHA DE VERDUN
A Batalha de Verdun começou a 21 de fevereiro de 1916 e terminou a 18 de dezembro desse ano. Foi a mais longa batalha da Primeira Guerra Mundial e podemos dividi-la em duas fases: a ofensiva alemã, que durou até agosto, e a contraofensiva francesa, que permitiu reconquistar grande parte do território então perdido.
Verdun e as suas defesas
A pequena cidade de Verdun situa-se num círculo de colinas a quase 260 Km a leste de Paris e, em 1916, estava rodeada de um conjunto de dezanove fortes e mais de uma dezena de posições preparadas para baterias de artilharia. A Wikipédia, no artigo «Batalha de Verdun» inclui um mapa do sistema defensivo de Verdun e, entre outras, uma fotografia panorâmica do campo de batalha de Verdun visto a partir do Forte de la Chaume, para nordeste, tirada em 1917. No serviço de pesquisa Google Maps, podemos procurar por "Forte Douaumont". O serviço apresenta numerosas fotografias do forte e da paisagem circundante. O mesmo é válido para o "Forte Vaux", "Forte Souville" ou outros. O dispositivo defensivo de Verdun formava um pequeno saliente que penetrava na linha defensiva alemã.
Na cidade de Verdun, os engenheiros militares franceses criaram uma cidadela nova que continha um conjunto de abrigos subterrâneos que, no total, tinham mais de quatro quilómetros de extensão. Ali podiam recolher-se 6.000 homens e armazenar grande quantidade de abastecimentos. Estas instalações tiveram um papel importante como centro logístico, durante a Batalha de Verdun. No entanto, nos anos que precederam a Primeira Guerra Mundial, o Alto Comando francês desvalorizou o papel das fortificações e adotou a doutrina do attaque à outrance. O conjunto defensivo de Verdun era considerado um dos mais poderosos, mas o destino das fortificações de Liège e Namur, no início da guerra, vieram reforçar a ideia da sua vulnerabilidade das fortificações face à artilharia superpesada que os alemães utilizavam. O armamento e as guarnições dos fortes foram reduzidos a um mínimo que não permitia resistir a um ataque bem organizado e com apoio da artilharia mais pesada. Para além dos fortes, existia uma linha de trincheiras, a cerca de 5 km de distância e outra linha mais à retaguarda.
No dia 16 de dezembro de 1915, o General Joseph Simon Galliéni (1849-27 de maio de 1916), Ministro da Guerra francês (29 outubro 1915 – 16 março 1916), escreveu ao General Joffre, relatando as queixas do Tenente-coronel Émile Augustin Cyprien Driant (1855-22 de fevereiro de 1916) e outros oficiais sobre a negligência com que eram tratadas as defesas de Verdun. No dia seguinte, Joffre negou os factos apresentados por Galliéni e exigiu que todas as queixas fossem apresentadas pelos canais próprios, isto é, através do seu gabinete. De qualquer forma, este assunto causou alguma agitação parlamentar. A 20 de janeiro de 1916, o General Noël Édouard, visconde de Curières de Castelnau (1851-1944), Chefe do Estado-Maior General dos Exércitos Franceses, visitou Verdun. Nos locais visitados, verificou que o Tenente-coronel Driant tinha razão e enviou um batalhão de engenharia para Verdun, com a missão de melhorar o sistema defensivo.
A mais importante das fortificações da defesa de Verdun, o Forte Douaumont, está localizado em terreno elevado e permitia observar e bater o eixo de aproximação das forças francesas. Era a principal posição do sistema defensivo de Verdun. Construído a partir de 1885, era considerado inexpugnável. Na página da Internet «gettyimages» existem numerosas fotografias do Forte de Douaumont. Existiam outros fortes importantes, alguns na margem ocidental do rio Mosa. A figura seguinte mostra a distribuição desses fortes e das posições de artilharia no sistema defensivo de Verdun. A figura pode ser vista num tamanho superior na página da Wikipedia https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5d/Battle_of_Verdun_map.png.
As tropas francesas na defesa de Verdun, no início da batalha, limitavam-se a nove divisões de infantaria e seis regimentos de artilharia pesada divididos por ambos os lados do Rio Mosa, o que significava 612 bocas de fogo de artilharia, sendo 244 de artilharia pesada. Entretanto, no início de fevereiro de 1916, os franceses tinham reunido em reserva, naquele sector da frente, um Exército constituído por quatro Corpos de Exército e alguma artilharia pesada [TUCKER, «Verdun, Battle of Verdun», p. 716].
A ofensiva alemã
A ofensiva alemã em Verdun começou no dia 21 de fevereiro e foi executada pelo Quinto Exército, sob comando do Príncipe Herdeiro do Império Alemão, Wilhelm (1888-9 de novembro de 1918). Para esta operação foi necessário realizar muitas obras de preparação, especialmente na reparação ou construção de vias-férreas e estradas por onde avançariam as forças mais à retaguarda e por onde circularia todo o apoio logístico (abastecimentos, manutenção, serviços de saúde, etc.) e a artilharia pesada com a enorme provisão de munições. Para estas e outras obras, o Quinto Exército alemão foi reforçado com vinte companhias de engenharia de caminho de ferro e vinte e seis Armierungssoldaten (tropas que executavam este tipo de trabalhos e não utilizavam armas, provavelmente prisioneiros de guerra na maioria). Ao todo, cerca de 20.000 soldados e prisioneiros trabalharam na preparação do terreno para a ofensiva. Estes preparativos começaram no dia 22 de dezembro de 1915. [PROST & KRUMEICH, p. 33]
No início de fevereiro, o Quinto Exército podia contar com 654 bocas de fogo de artilharia pesada e pelo menos 550 de artilharia de campanha. As divisões de infantaria dispunham de 32 morteiros pesados, 88 médios e 82 ligeiros, e para estas armas estavam disponíveis 9.210, 28.500 e 69.000 granadas, respetivamente. Também estavam disponíveis 7.200 granadas de obus ligeiro, com gás. O transporte destas munições foi feito por 213 comboios especiais. Após o início da ofensiva, o reabastecimento exigiu 34 comboios de munições por dia. [PROST & KRUMEICH, pp. 33-34]
No dia 21 de fevereiro às 16H00, a infantaria avançou numa frente de 12 km, a nordeste de Verdun. A primeira linha da ofensiva era constituída por três corpos de exército cujas missões estavam previstas na ordem geral assinada a 27 de janeiro [PROST & KRUMEICH, pp. 34-35]:
- VII CE (Reserva), com a missão de conquistar o planalto de Haumont e, depois, avançar em direção à margem oeste do rio Mosa;
- XVIII CE, com a missão de conquistar o Bois de Caures para progredir em seguida, com a sua ala direita, sobre Samogneux e Vacherauville, enquanto a ala esquerda progredia em direção a Beaumont - Louvemont para ocupar em seguida a zona ao lado de Froideterre;
- III CE, com a missão de conquistar L'Herbebois para atacar com a sua ala esquerda o Forte Douaumont, passando por Ornes - Bezonvaux - Ouvrage de Bezonvaux.
A ordem de 27 de janeiro explicava o que deveria acontecer na primeira fase da ofensiva:
«Após o início do fogo [de artilharia] no dia 12 de fevereiro pela manhã, os três corpos de exército previstos na linha da frente da ofensiva, aproximar-se-ão às 17H00, em formação dispersa, da primeira linha do inimigo e tomá-la-ão. Depois de se apoderarem desta primeira linha, deverão fazer um esforço para reconhecimento da segunda linha francesa a fim de reunir informações precisas para o tiro de artilharia que será retomado na manhã seguinte.» [PROST & KRUMEICH, p. 35]
Esta operação deveria ter começado a 12 de fevereiro, mas o nevoeiro, a chuva intensa e os ventos fortes atrasaram o seu início até às 07H15 do dia 21 [às 4H00, segundo CLAYTON, 2005, p. 106, o que penso ser um erro de impressão], quando começou a preparação da artilharia, numa frente de 22 km [TUCKER, «Verdun, Battle of (1916)», p. 715]. Este foi o bombardeamento de artilharia mais intenso, até então realizado. Após o bombardeamento inicial, a artilharia alemã bateu a retaguarda das linhas francesas e, pelas 16H40, sete divisões dos três corpos de exército acima referidos lançaram o ataque numa frente de apenas 10 km, entre Brabant e Ornes. Os alemães conseguiram capturar a zona avançada de defesa do dispositivo francês, entre Bois de Caures e Herbebois.
O primeiro objetivo dos alemães, Bois de Caures, encontrava-se defendido por dois batalhões de chasseurs, cerca de 1.300 homens, sob comando do Tenente-coronel Emile Driant. Estes homens conseguiram manter as suas posições até ao dia seguinte, quando Driant morreu em combate e a força foi destroçada, com poucos homens a conseguirem retirar. Brabant caiu no dia 23. Os franceses lançaram um contra-ataque em Bois de Caures, mas sem sucesso. No dia 24, os franceses tinham perdido metade dos 20.000 homens que defendiam a zona onde se realizou o ataque alemão. As tropas alemãs conseguiram conquistar a segunda linha de trincheiras. As forças francesas recuaram para uma terceira linha de defesa, a cerca de 8 km de Verdun. Com esta manobra, abandonaram a planície de Woevre e deixaram o Forte de Douaumont vulnerável.
O General Joffre não deu a importância devida a esta ofensiva porque acreditava que o ataque principal alemão seria realizado noutra zona da frente. Além disso, tinha planos para lançar uma ofensiva conjunta com os britânicos na região do Somme e foi para lá que muitos recursos foram direcionados. No dia 25 de fevereiro, quando os alemães atacaram o Forte de Douaumont, este estava guarnecido por apenas 57 homens das tropas territoriais. Um grupo pequeno de alemães capturou o forte sem sofrer baixas. Em mãos alemãs, o forte dominava as posições defensivas francesas. Esta perda desencadeou uma forte erupção de sentimentos nacionais. A retirada de Verdun tornou-se uma impossibilidade política e moral para o Governo e para o Exército [POPE & WHEAL, «Verdun, Battle of», p. 495] Nessa mesma noite, o General Noel de Castelnau, enviado por Joffre para se inteirar da situação, chegou a Verdun. Foi decidido manter a defesa na margem oriental do Rio Mosa. O General de Castelnau também recomendou que fosse dado o comando das operações de defesa de Verdun ao General Henri Philippe Benoni Omer Joseph Pétain (1856-1851), que recebeu oficialmente essa missão, na noite de 25 para 26 de fevereiro.
Pétain estabeleceu o seu quartel-general em Souilly, a cerca de 25 km de Verdun, na estrada para Bar-le-Duc. Imediatamente enviou reforços para frente e ordenou que os restantes fortes fossem completamente guarnecidos. O seu plano assentava numa linha de defesa em que se integravam os restantes fortes (principal linha de resistência), a serem defendidos a todo o custo. Frente a esta linha, foi organizada uma “linha avançada de resistência”, com a missão de repelir e canalizar os avanços alemães. À retaguarda, foi criada uma terceira linha de redutos para reservas e reforços. Fez avançar toda a artilharia que se encontrava em reserva. Concentrou o máximo de fogo de artilharia contra os ataques da infantaria alemã [TUCKER, «Verdun, Battle of Verdun», pp. 716-717]. Apesar de os ataques continuarem ininterruptamente, o avanço alemão foi parado a 28 de fevereiro.
O grande consumo de munições de artilharia obrigou franceses e alemães a reduzirem a sua utilização durante uma semana, para reporem os níveis. Pétain aproveitou este período mais calmo para completar a sua reorganização. Com a maioria das vias de comunicações cortadas, as forças francesas em Verdun foram abastecidas por uma única estrada secundária, que ficou conhecida como Voie Sacrée. Esta é a expressão popular, contemporânea com que foi designada a estrada, com aproximadamente 60 km, que ligava Bar-le-Duc a Verdun. Além desta estrada, as tropas francesas também foram abastecidas por uma linha férrea ligeira. Pétain utilizou as divisões da reserva e “batalhões” de trabalhadores para os trabalhos de reconstrução e reparações urgentes. Nestas obras, foi duplicada a largura da estrada a fim de evitar o constante congestionamento. Apesar do permanente fogo da artilharia alemã, a estrada permaneceu operacional durante a batalha e nela transitaram semanalmente, entre muitos outros abastecimentos, 50.000 toneladas de munições e 90.000 homens. [POPE & WHEAL, «Voie Sacrée», pp. 499-500] Este número elevado de homens que ali transitaram deveu-se ao facto de Pétain ter feito uma gestão do pessoal diferente do habitual. As unidades francesas utilizaram um sistema de rotação com uma frequência muito superior à dos alemães. Isso também fez com que um maior número de unidades tenha passado por Verdun e ajudou a manter o moral elevado.
A 29 de fevereiro, Falkenhayn e o Príncipe Herdeiro decidiram alterar a sua estratégia. Considerando que o ataque na margem oriental do Mosa, numa frente estreita, não obteve o sucesso esperado, foi decidido estender a ofensiva à margem ocidental onde, protegida pelas linhas de alturas de Mort Homme e da Cota 304, a artilharia francesa tinha causado o insucesso da infantaria alemã. [KEEGAN, 1999, p. 282] A 6 de março, os alemães alargaram a frente de ataque em mais 20 km e estenderam-na até Avocourt, mas Pétain tinha reforçado essa zona e os alemães avançaram apenas 2 km. O mau tempo impediu a observação aérea e, portanto, a regulação adequada do tiro de artilharia. No dia 8, os alemães atacaram também na margem ocidental do rio Mosa, mas as linhas defensivas francesas repeliram o ataque. A 2 de abril, os franceses perderam a vila de Vaux e o seu forte foi ameaçado. No dia 9 os alemães lançaram outro grande ataque, uma ofensiva geral em ambos os lados do rio Mosa e, novamente, os franceses conseguiram resistir.
O sucesso da defesa francesa deu grande prestígio a Pétain como o grande defensor de Verdun e esta situação estava a tornar-se «cada vez mais irritante para Joffre, que viu os seus planos para a ofensiva do Somme, em julho, serem ameaçados. Ao contrário de Joffre, que defendia a teoria da offensive à outrance, Pétain considerava que a defensiva era a forma adequada de lidar com o enorme poder de fogo que a artilharia e as metralhadoras tinham trazido para o campo de batalha. Isto sem perder uma oportunidade de executar contra-ataques sempre que oportuno ou, até, de assumir a ofensiva assim que as condições o permitissem.
No dia 30 de abril, Joffre nomeou Pétain para o cargo de comandante do Grupo de Exércitos Central e entregou a defesa de Verdun ao General Robert Georges Nivelle (1856-1924), que acreditava na doutrina ofensiva. Nivelle era apoiado pelo General Charles Emmanuel Marie Mangin (1866-1925), «um comandante de coragem comprovada e considerável competência, mas indiferente à perda de vidas, particularmente se esses mortos fossem de outro continente. Os soldados rotularam-no de le boucher (o carniceiro).» [CLAYTON, 2005, p. 113]
Continuaram os ataques e contra-ataques, incluindo uma tentativa francesa, fracassada, para recapturar o Forte Douaumont, a 22 de maio. Após uma semana de luta encarniçada, sem comida e sem água, os defensores do Forte Vaux renderam-se a 7 de junho. O Príncipe herdeiro alemão, comandante do Quinto Exército, felicitou o comandante francês do Forte Vaux, Major Sylvain-Eugène Raynal (1867-1939), pela forma corajosa como tinham defendido o forte. Na posse de Douaumont e Vaux, os alemães podiam atacar as últimas posições defensivas francesas, na margem oriental do Mosa, antes de Verdun: Froideterre, Thiaumont e Souville. «Em maio, junho e julho, a batalha continuou com a mesma aspereza. É uma guerra de desgaste. Em quarenta e quatro dias, os alemães avançaram mil e quinhentos metros.» [DUROSELLE, 2002, p. 115]
A 21 de junho, os alemães lançaram outro grande ataque em que utilizaram, pela primeira vez, gás fosgénio. O ataque da infantaria começou após uma preparação de artilharia de dois dias. O General Charles Mangin, descreveu este ataque como «o mais importante e o mais massivo ataque» contra Verdun [TUCKER, «Verdun, Battle of Verdun», p. 717]. Os alemães esperavam entrar em Verdun dois dias mais tarde, mas o exército francês impediu a rotura das suas posições e lutou empenhadamente por cada metro de terreno. «Pétain teve até que conter Nivelle e Mangin que queriam lançar contra-ataques. Contudo, no início de julho, os franceses foram obrigados a recuar para o perímetro defensivo do Forte Souville e Forte Tavannes, sofrendo pesadas baixas. A 11 de julho, os alemães lançaram um ataque na área do Forte Souville. A artilharia francesa tinha adotado máscaras antigás apropriadas para a proteção contra o fosgénio e, desta forma, conseguiu manter a sua ação sobre os atacantes alemães. Entretanto, as solicitações de pessoal e material para enfrentarem a ofensiva dos Aliados no Somme (1 julho - 18 novembro) e o avanço russo na Ofensiva Brusilov (4 junho - 20 setembro), na Frente Leste, forçaram os alemães a uma pausa na ofensiva em Verdun. No dia 12 de julho, Falkenhayn decidiu assumir uma postura defensiva. Os franceses aproveitaram para preparar contra-ataques aos Fortes Vaux e Douaumont, a serem executados pelo Terceiro Exército, sob comando do General Mangin, o que aconteceu a 24 de outubro. No dia 29 de agosto, o general Erich von Falkenhayn, Chefe do Estado-Maior General alemão, foi substituído pelo General Paul von Hedinburg (1847-1934), que se fez acompanhar pelo General Erich Friedrich Wilhelm Ludendorff (1865-1937).
A contraofensiva francesa
A substituição de Falkenhayn por Hindenburg, a alteração da estratégia alemã, a substituição do prudente General Pétain pelo agressivo General Nivelle, permitiu aos franceses organizarem fortes contra-ataques. Nivelle era um oficial general oriundo da Arma de Artilharia e, com o apoio de Pétain, organizou o mais pesado ataque de artilharia executado pelo Exército Francês. Este ataque incluía, além da artilharia de campanha normal, a utilização de dois obuses de 400 mm, montados em suporte para caminho de ferro, e uma bateria de morteiros de 370 mm. Foram utilizadas granadas com gás. Mais de 300.000 granadas foram lançadas numa frente de 5 km. A preparação de artilharia começou no dia 19 de outubro e o assalto da infantaria foi executado no dia 24. Entretanto, os franceses tinham obtido superioridade aérea e, com isso, negaram aos alemães a possibilidade observarem o seu tiro de artilharia, com aviões ou com balões. As defesas alemãs caíram rapidamente. [CLAYTON, 2005, pp. 114-115]
Os fortes Douaumont e Vaux foram recapturados a 24 de outubro e a 2 de novembro, respetivamente. Seguiu-se um período de calma para repor o nível das munições. Entre 15 e 18 de dezembro, o Terceiro Exército francês retomou a contraofensiva e, no confronto em Louvemont, os franceses reconquistaram Chambrettes e capturaram mais de 11.000 alemães. Esta ação marcou o fim da Batalha de Verdun. Perto do fim do ano, os franceses tinham recuperado quase todo o território perdido durante a ofensiva alemã.
Gás fosgénio
A utilização de nuvens de gás nocivo, lançadas por forma a atingirem as linhas inimigas, foi uma técnica inaugurada pelas forças alemãs, na região de Ypres, a 22 de abril de 1915. Esta técnica tão criticada depressa passou a ser utilizada pelas principais potências em confronto. E foi utilizada até ao fim do conflito. Entre 1915 e 1918, verificaram-se 409 emissões de gás a partir de cilindros pressurizados (301 para o Reino Unido; 51 para a França; 50 para a Alemanha; 6 para a Rússia; 1 para a Áustria-Hungria) [LEPICK, p. 133]. Estes números variam de autor para autor porque, exceto para a França, não há um registo oficial destas ocorrências.
O desenvolvimento de um novo tipo de gás tornava-se importante para os alemães por forma a manterem a supremacia no domínio da guerra química, perante um inimigo que também tinha desenvolvido os seus próprios meios e as proteções adequadas (conforme a tecnologia da época). Assim, tornava-se necessário inovar, aplicando agentes químicos mais nocivos e para os quais o inimigo não dispunha ainda das necessárias proteções.
A 22 de abril de 1915, os alemães utilizaram cilindros pressurizados com cloro. As forças aliadas não estavam preparadas para se protegerem deste ataque e, por isso, tiveram um número elevado de baixas. Houve mais ataques com cloro, mas os químicos alemães foram introduzindo alterações na mistura gasosa e juntaram cerca de 5% de oxicloreto de carbono ou fosgénio, o que teve o efeito de tornar os vapores largamente mais nocivos. O fosgénio é consideravelmente mais tóxico que o cloro puro [LEPICK, p. 135].
O primeiro ataque químico com fosgénio, efetuado pelos alemães, aconteceu na Frente Leste (contra as forças russas), em 1915. Nesse mesmo ano, a 19 de outubro, ao sul de Reims, na Frente Ocidental, os alemães utilizaram 276 t de cloro ao qual tinha sido adicionado 10% de fosgénio, contido em 14.000 cilindros. O gás foi liberto sobre as tropas francesas, numa frente de 12 km. Nos dias seguintes foram realizados mais ataque com a utilização da mistura cloro-fosgénio. Os franceses sofreram um número elevado de perdas devido à proteção medíocre oferecida pelos tampões respiratórios em uso. A 19 de dezembro de 1915, os alemães libertaram uma mistura cloro-fosgénio, na proporção de 75%-25%, sobre as trincheiras do VI CE britânico, numa frente de 4 a 5 km. Os militares britânicos dispunham já de meios de proteção mais desenvolvidos e, por isso, não entraram em pânico e ocuparam as suas posições de combate.
Durante o ano de 1916, os alemães efetuaram mais ataques com gás. Progressivamente, as percentagens de cloro e fosgénio evoluíram para os 50% cada. O primeiro ataque químico alemão, neste ano, foi efetuado às 05H00 de 21 de fevereiro contra as tropas do Sexto Exército francês, entre Fouquescourt e Lihons, numa frente de 7 km. A ação do gás provocou 175 mortos e 919 feridos (evacuados devido à ação do gás). Registaram-se ao longo do ano mais ataques deste tipo. Houve sempre um número elevado de vítimas.
O lança-chamas
Uma das inovações alemãs na guerra de trincheiras foi o lança-chamas, um dispositivo que projetava um jato de líquido ou gás a arder que podia atingir distâncias entre os 18 e 40 metros, dependendo do tipo de dispositivo. Existiam lança-chamas portáteis, utilizados na ofensiva, e os estáticos, estes últimos de maiores dimensões, mais pesados, utilizados nas ações defensivas. O lança-chamas foi inventado pelo engenheiro alemão Richard Fielder, em 1900. No ano seguinte, o Exército Alemão testou-o em segredo.
Ainda antes do início da guerra, em 1912, foi formado um regimento com três batalhões, o Flammenwerfer-Regiment. Cada batalhão era formado por quatro companhias, cada uma equipada com lança-chamas portáteis. Estes consistiam num tanque cilíndrico de aço, transportado às costas, ao qual estava ligada uma mangueira com cerca de 1,8 m e uma agulheta. O tanque de aço estava dividido em duas partes: um reservatório superior, que continha gás comprimido para garantir a pressão e um reservatório inferior, com líquido inflamável, normalmente um óleo. A chama podia ser projetada até quase 20 metros, durante cerca de dois minutos ou em vários jatos do líquido em chamas.
Esta arma foi utilizada contra as tropas francesas a 25 de fevereiro de 1915, em Malancourt, no sector de Verdun. A 29 e 30 de julho desse ano, foi utilizada contra as posições britânicas perto de Ypres. Neste caso, o efeito surpresa sobre as tropas britânicas permitiu aos alemães tomarem rapidamente as trincheiras inimigas. Este ataque teve um grande efeito psicológico sobre os defensores (britânicos). [CADDICK-ADAMS, «flame-throwers», p. 304] Em 1916, os alemães voltaram a utilizar esta arma no sector de Verdun, a 21 de fevereiro.
Aprendidas as técnicas e táticas de utilização, os lança-chamas mostraram o seu valor como armas para o combate próximo e como podiam ser utilizados com sucesso contra alvos especialmente resistentes, como por exemplo, abrigos em cimento armado com metralhadoras ou outras fortificações. Os pedidos para o emprego destas armas tornaram-se tão frequentes que não existiam armas suficientes para os satisfazer. Em fevereiro de 1916, os alemães dispunham de dezasseis companhias de lança-chamas. Oito companhias de lança-chamas (400 lança-chamas portáteis) foram distribuídas entre as doze divisões do Quinto Exército que lançaram o ataque às defesas de Verdun. [FLEISCHER, p. 181-182]. Os alemães lançaram um total de 653 ataques com lança-chamas, ao longo da Primeira Guerra Mundial (32 em 1915; 160 em 1916; 165 em 1917; 296 em 1918).
Apesar de os lança-chamas entrarem nos arsenais das outras potências, esta arma não obteve o sucesso esperado durante a Primeira Guerra Mundial. Os britânicos e os franceses utilizaram-nas a partir de 1917. Após a surpresa inicial, as tropas aprenderam a manter os lança-chamas para além da distância do jato de líquido inflamável. Por outro lado, os utilizadores dos lança-chamas compreenderam que a sua vulnerabilidade às armas convencionais era grande.
Perdas humanas e materiais
Os fatores que mais marcaram esta batalha foram a sua duração e o impacto da artilharia. A batalha caracteriza-se por «um corpo a corpo encarniçado nos bosques em redor de Verdun, pela conquista de fortes e a sua reconquista (Douaumont, Vaux), pela destruição completa de vilas inteiras (Ornes, Fleury, etc.). E tudo isto sob o fogo rolante da artilharia que cobriu impiedosamente cada metro quadrado, de forma que ainda hoje, cento e poucos anos mais tarde, o terreno «em dunas» permanece profundamente marcado. [AUDIN-ROUZEAU & BECKER, 305]
No final da Batalha de Verdun, poucas alterações se verificaram na posse daquele território onde pouco mais se encontrava que lama e escombros. «O único vencedor em Verdun foi a morte» com as baixas alemãs e francesas a rondarem os 250.000 homens para cada beligerante. Os números das baixas indicam o total de mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros. Os números variam entre vários autores. Philip J. Haythornthwaite (1994, p. 32) estima que as baixas compreendiam «talvez mais de meio milhão de franceses e mais de 400.000 alemães.» Para Anthony Clayton (2005, pp 115-116) «as baixas nos onze meses de luta atingiram 330.000 alemães, dos quais 143.000 eram mortos ou desaparecidos, e à volta de 351.000 franceses (56.000 mortos, 100.000 desaparecidos ou capturados e 195.000 feridos). Os sobreviventes ficaram marcados para toda a vida. Considerando o seu significado simbólico, a campanha, apesar das pesadas baixas sofridas, foi uma vitória francesa. [CLAYTON, 2005, p. 116]
A BATALHA DO SOMME
Na segunda Conferência Militar Interaliada realizada no Quartel General do Exército Francês, em Chantilly, de 6 a 8 de dezembro de 1915, foi decidido lançar ataques simultâneos contra os alemães e os seus aliados, em todas as frentes. Nesta altura, a guerra na Europa desenrolava-se na Frente Ocidental, na Frente Oriental (responsabilidade da Rússia, contra a Alemanha e a Áustria-Hungria), na Frente dos Balcãs (responsabilidade de uma força interaliada, contra a Alemanha, Áustria-Hungria e Bulgária) e na Frente do Isonzo, no Norte de Itália (responsabilidade dos Italianos, contra a Áustria-Hungria). Para além destas frentes, lutava-se em África, no Médio Oriente e estava a terminar a campanha de Gallipoli. Os ataques simultâneos eram importantes para o desfecho da guerra na Frente Ocidental porque era aí que a Alemanha tinha que ser derrotada.
O General Joffre planeou uma ofensiva combinada (franco-britânica) em ambos os lados do Rio Somme. O Exército Francês executaria o ataque principal, na margem direita do rio. O BEF (British Expeditionary Force) executaria o ataque secundário, pois estava disposto numa frente muito extensa e muitas das suas unidades, recém-formadas, não tinham experiência de guerra. Esta ofensiva estava prevista para o fim do verão de 1916.
Entretanto, os alemães planearam e executaram a sua própria ofensiva. No dia 21 de fevereiro atacaram Verdun e deram início a uma batalha que se prolongou até dezembro. A ofensiva alemã em Verdun obrigou os Aliados a alterarem os seus planos porque os franceses empenharam ali um número elevado das suas unidades militares, o que comprometeu a participação francesa na ofensiva planeada para a região do Somme. Por esta razão, os franceses foram obrigados a diminuir a quantidade de forças militares planeadas para esta operação e o ataque principal passou a ser responsabilidade dos britânicos. O objetivo da ofensiva passou a ser o de aliviar a pressão alemã sobre os franceses em Verdun e Douglas Haig concordou com Joffre sobre a necessidade de fixar uma data mais próxima para o início da ofensiva no Somme. Os dois generais estabeleceram o dia 1 de julho para o lançamento do ataque às posições alemãs..
O plano então adotado previa um ataque ao longo de uma frente de 25 km, a norte do rio Somme, entre Maricourt (a sul) e Gommecourt (a norte). O eixo segundo o qual seria lançado o ataque principal situava-se aproximadamente ao longo da estrada principal entre Albert e Bapaume. Este ataque seria executado pelo Quarto Exército britânico, sob comando do General Henry Rawlinson, constituído por cinco corpos de exército (CE). No flanco norte, o VII CE, do Terceiro Exército britânico sob comando do General Edmund Allenby, lançaria um ataque secundário sobre o saliente de Gommecourt. No flanco sul do dispositivo britânico, seria lançado um ataque secundário pelo Sexto Exército francês, sob comando do General Marie Fayolle. Deste exército, o sector do seu XX CE situava-se a norte do rio Somme, entre o rio e Montauban. As restantes forças francesas – seis divisões – atuavam a sul do rio.
O General Douglas Haig, comandante do BEF, tencionava, após a rotura das linhas alemãs, efetuar a exploração do sucesso, para impedir o inimigo de reconstituir uma defesa organizada ou de retirar de forma ordenada para novas posições, com uma força constituída por unidades de cavalaria e de infantaria, mantida em reserva e sob o comando do General Sir Hubert Gough. O General Rawlinson defendia um ataque com objetivos muito limitados, com a infantaria preparada para defender os pequenos ganhos obtidos. Embora houvesse a preocupação dos ganhos territoriais, o objetivo explícito era destruir as "reservas humanas" alemãs [POPE & WHEAL, «Somme offensive», pp. 440-441].
As linhas alemãs onde se preparava o ataque dos Aliados estavam guarnecidas pelo Segundo Exército alemão, sob comando do General Fritz von Below. Na linha principal de defesa encontravam-se seis divisões de infantaria. Em posições próximas, à retaguarda, encontravam-se cinco divisões em reserva. Os alemães esperavam que os aliados desencadeassem ações destinadas a aliviar a pressão em Verdun, mas não sabiam onde. O General Chefe do Estado Maior General alemão, Erich von Falkenhayn, acreditava que os aliados lançariam uma ofensiva na Alsácia e o General Below estava convicto que essa ação seria lançada no seu sector.
Os alemães tinham trabalhado arduamente para construírem um complexo sistema defensivo em profundidade, com três linhas de trincheiras, chegando alguns sectores a disporem de quatro linhas. Desta forma, o dispositivo tinha uma profundidade média de 8 km. Estas foram construídas em solo muito duro e tinham sido construídos numerosos “bunkers” que proporcionavam elevada proteção contra os efeitos do tiro de artilharia, exceto os impactos diretos da artilharia pesada.
Uma parte importante das divisões de infantaria britânicas – 11 em 18 – pertenciam aos novos exércitos organizados pelo Field Marshal Horatio Kitchener, Secretário de Estado para a Guerra. Devido à sua falta de treino, o assalto inicial foi planeado por forma a ser conduzido com os movimentos e os procedimentos táticos mais simples. Para compensar a falta de experiência destas tropas, os britânicos planearam uma preparação de artilharia massiva que, acreditavam, iria eliminar a maior parte dos defensores alemães da primeira linha, assim como as suas obras defensivas.
A ofensiva
Durante a preparação da artilharia, que ocorreu de 23 a 30 de junho, foram disparadas sobre as linhas alemãs cerca de um milhão de granadas de artilharia e quando esta preparação terminou, uma série de grandes explosões provocadas por minas subterrâneas causaram estragos consideráveis nas fortificações alemãs a norte, em Beaumont Hamel, e ao centro, em La Boisselle. O comando britânico acreditava que nada nem ninguém tinha sobrevivido ao fogo de barragem. No entanto, os resultados esperados pelo tiro de artilharia foram atenuados pela fraca qualidade das munições. Por essa razão, em muitas zonas, fracassou na destruição do arame farpado e das obras defensivas alemãs [NAOUR, «bataille de la Somme», pp. 120-121]. Assim, os defensores alemães aproveitaram bem as excelentes posições construídas em terreno elevado. As forças francesas dispunham de uma artilharia mais pesada do que a britânica e a preparação feita obteve melhores resultados.
O ataque foi lançado no dia 1 de julho às 07H30 por uma força conjunta franco-britânica, de mais de 160.000 homens, a norte e a sul do rio Somme. As unidades britânicas foram surpreendidas pelo tiro de numerosas metralhadoras e o ataque foi detido ao fim de uma hora. Os franceses conseguiram atingir os seus objetivos. No primeiro dia de batalha, cerca de 140.000 soldados britânicos e, segundo as estimativas, à volta de 20.000 franceses atacaram as posições alemãs próximas de Péronne e Bapaume. Em grande parte devido à falta de eficácia da artilharia aliada, a ofensiva neste primeiro dia da batalha foi um fracasso parcial a norte, mas as tropas francesas atingiram os seus objetivos a sul .
A causa essencial estava no emprego das granadas "shrapnel" (granadas de fragmentação que projetavam fragmentos de metal à altura do joelho) em vez das granadas de alto explosivo, adequadas para destruir as fortificações [NAOUR, «bataille de la Somme», p. 121]. As granadas "shrapnel", em geral, deixavam os abrigos alemães intactos. Quando o fogo de barragem terminou, os combatentes alemães dispuseram de tempo suficiente para repor o seu sistema defensivo, instalando os homens e as armas, especialmente as metralhadoras, por forma a baterem eficazmente as forças atacantes.
No dia 1 de julho de 1916, o Exército britânico perdeu quase 60.000 homens: 19.800 mortos e 38.500 feridos. Os franceses tiveram à volta de 2.000 mortos e 5.000 feridos. Os alemães sofreram cerca de 2.500 mortos e 3.000 feridos. Ao todo, num único dia de batalha, pouco menos de 25.000 homens encontraram a morte e mais de 45.000 foram feridos [NAOUR, «bataille de la Somme», p. 121]. A dimensão da catástrofe pode ser melhor compreendida quando comparada com outras situações em que se defrontaram forças de efetivos idênticos aos de 1916. No dia 6 de junho de 1944, cerca de 156.000 homens das forças aliadas desembarcaram em várias zonas da costa da Normandia, defendida por cerca de 50.000 alemães. Os Aliados sofreram à volta de 10.000 baixas, das quais 4.400 mortos, e os alemães perderam até 9.000 homens, mortos e feridos, para além de milhares de capturados.
A Batalha do Somme foi retomada no dia seguinte e a primeira linha de trincheiras alemãs foi finalmente, e à custa de numerosas baixas, no dia 11 de julho. Na noite de 13 para 14 desse mês, os britânicos tiveram sucesso e conseguiram avançar mais, mas os alemães lançaram um contra-ataque que lhes permitiu repor a frente. Também a 11 de julho, a artilharia alemã começou a ser transferida de Verdun para o Somme e, desta forma, a defesa alemã no sector do ataque britânico ficou muito mais forte. Ambos os lados empenharam-se fortemente nos combates, crendo que o outro lado estava à beira da exaustão. Os comandantes britânicos previram sucessos, mas a frente permaneceu quase inalterada durante o mês de agosto.
Em setembro, o sector de ataque dos Aliados foi alargado. O Décimo Exército francês juntou-se à batalha, a sul, e os britânicos lançaram um novo ataque a 15 de setembro. Neste ataque foram empenhadas doze divisões de infantaria e, pela primeira vez, carros de combate (tanks), mas os ganhos foram muito pequenos. No final de setembro, os britânicos lançaram novos ataques, com avanços limitados. Estes ataques continuaram em outubro e a Força Expedicionária Britânica (BEF) fez um último esforço a 13 de novembro. Depois, a neve obrigou a suspender as operações.
As forças aliadas ganharam algum terreno, mas no máximo 12 km de profundidade. Para isso, os britânicos perderam cerca de 420.000 homens e os franceses 200.000. As baixas alemãs estimadas rondam os 500.000 homens e o Exército Alemão não recuperou, no decorrer do conflito, do elevado número de oficiais e sargentos com experiência, mortos ou feridos [POPE & WHEAL, «Somme offensive», pp. 440-441].
Os primeiros carros de combate
Os primeiros carros de combate foram fabricados na Grã-Bretanha e a designação ali utilizado para esta nova arma é "tank". Esta expressão foi uma tentativa de esconder o verdadeiro objetivo destas novas máquinas. Outra designação que apareceu frequentemente para estes equipamentos, em língua inglesa, foi a de "landship", o que significa literalmente "navio terrestre". Esta expressão terá surgido porque o interesse britânico neste equipamento foi promovido pelo Almirantado britânico, por insistência de Winston Churchill (1874-1965), então Primeiro Lorde do Almirantado, que estabeleceu o British Landships Commitee, em fevereiro de 1915.
Ao British Landships Commitee competia desenvolver a teoria do Tenente-coronel Ernest Swinton (1868-1951) para a criação de um veículo de assalto blindado. Uma máquina deste tipo já tinha sido proposta pelo australiano L. E. Mole, em 1912, mas foi ignorado. Foi sob a direção de Swinton e outros técnicos que o tank foi desenvolvido. Os projetos iniciais destinavam-se ao desenvolvimento de veículos que transportariam infantaria através da "terra de ninguém", protegidos dos tiros de armas ligeiras, metralhadoras e estilhaços por uma blindagem. Também não estava decidido se essa viatura seria equipada com lagartas ou com grandes rodas. Neste caso, a escolha tinha a ver com a exigência que faria cada modelo em termos de propulsão e qual o mais adequado para o tipo de terreno em que seria utilizado. Entre as possibilidades levantadas, os britânicos escolheram desenvolver um veículo blindado movido por lagartas e destinado a combater. Este tipo de veículo chama-se "carro de combate" em português, "Char d'assaut" em francês, "Kampfpanzer" em alemão, "tank" em inglês. Durante o ano de 1916, só os britânicos utilizaram este tipo de equipamentos/arma, os tanks.
Os primeiros tanks eram pouco mais que aríetes mecânicos, projetados para atravessarem algumas centenas de metros de terreno acidentado, destruir as redes de arame farpado e suprimir a resistência inimiga, permitindo à sua infantaria atingir o seu objetivo. A velocidade baixa e a fraca manobrabilidade não permitiam desenvolver outro tipo de táticas ou empregá-los em operações de maior alcance. O seu poder de fogo estava limitado ao armamento montado em "cabines" laterais [FLETCHER, David, «tanks» in HOLMES, 2001, p. 898]. O primeiro projeto, conhecido como "Little Willie", era uma caixa de metal com lagartas montadas nos lados. Estava previsto montar na parte superior uma torre com um canhão. Como este protótipo apresentava uma silhueta demasiado alta, foi desenvolvido um novo projeto pelo Tenente Walter Gordon Wilson (1874-1957) e por William Ashbee Tritton (1875-1946).
O novo projeto consistia numa caixa blindada romboide com lagartas à volta de todo o corpo e o armamento montado em cabines salientes em cada um dos lados. A partir deste modelo chamado"Big Willie" e, mais tarde, "Mother" foi desenvolvido o primeiro "tank" que entrou ao serviço, o "Mark I". Foi este modelo que entrou em combate a 15 de setembro de 1916, na Batalha de Flers-Courcelette, na Ofensiva do Somme.
Do modelo de carro de combate Mark I foram produzidos 150. Foram produzidos dois tipos de carros, 75 de cada, que se diferenciavam conforme o armamento utilizado e eram designados por "Tank Mark I Male" e "Tank Mark I Female". O Mk I Male estava armado com dois canhões QF 6-pounder Hotchkiss, de 57 mm, instalados nas duas cabines laterais. Além destes canhões, dispunha de quatro metralhadoras Hotchkiss 0.303 inch (7.62mm) com arrefecimento a ar. O Mk I Female estava armado com quatro metralhadoras Vickers 0.303 inch (7.62mm) com arrefecimento a água e uma metralhadora Hotchkiss 0.303 inch (7.62mm) com arrefecimento a ar. As diferenças no armamento e, portanto, também na estrutura, determinaram diferenças de peso. O Mk I Male pesava 28,4 toneladas e o Mk I Female 27,5. O Mk I tinha 7,92 m de comprimento, 4,03 m de largura (incluindo as cabines laterais) e 2,44 m de altura. O motor desenvolvia 105 hp às 1.000 rpm. Este motor permitia-lhe atingir, em terreno propício, os 5,95 Km/h e percorrer 45 km. Poderia atravessar uma trincheira com 3,5 m de largura. A sua blindagem variava entre os 6 mm e os 15 mm. Tinha uma tripulação de 8 homens [The Online Tank Museum].
O "Tank" Mk I "Male" Lusitania. 1916. Fonte: https://tanks-encyclopedia.com/ww1/gb/photos/Tank-Mark_I_Lusitania_1917.jpg
A tripulação estava sujeita a condições de trabalho muito difíceis. O interior do Mk I era muito mal ventilado. O motor aquecia muito e largava muito fumo nocivo dentro do carro. As tripulações tinham, assim, de atuar em condições que punham a sua saúde em perigo, tendo sido registados casos de delírio, vómitos, perdas de consciência ou queimaduras graves nas máquinas quentes. Nas situações em que se desenvolvia mais calor, havia ainda o perigo da explosão das munições [HAYTHORNTHWAITE, p. 96].
Para operar os tanks, foi formada uma nova unidade, a Heavy Branch do Machine-Gun Corps, que mais tarde passou a designar-se por Tank Corps. A sua utilização não mereceu grande entusiasmo de algumas individualidades, nomeadamente o Secretário de Estado da Guerra, o Field Marshal Horatio Herbert Kitchener, que os considerava meros «pretty mechanical toys». No primeiro ataque com os Mk I, a 15 de setembro de 1916, foram disponibilizados 49 tanks, mas apenas 32 chegaram à linha de partida, onde mais nove avariaram. Dos que participaram no ataque, cinco ficaram atolados, nove adiantaram-se à infantaria nas posições alemãs e outros nove não conseguiram acompanhar a infantaria e chegaram mais tarde às posições alemãs ajudando a consolidar o terreno conquistado [HAYTHORNTHWAITE, p. 96]. Contudo, apesar das avarias e dos problemas na travessia de trincheiras, ficou demonstrado o sucesso desta nova arma.
O Tenente-coronel Ernest Swinton considerava o tank apenas como um auxiliar da infantaria para romper as linhas inimigas. A sua velocidade limitada e as avarias frequentes confirmaram que o tank era adequado principalmente para atingir objetivos limitados e apoiar a infantaria. À medida que ia sendo utilizado, melhoraram-se os mecanismos, melhorou-se a organização das unidades e desenvolveram-se as táticas mais adequadas. De forma cada vez mais eficiente, o carro de combate, o tank, reunia os elementos "Choque", "Fogo" e "Movimento".
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Torres Vedras, 2 de abril de 2024
Manuel F. V. G. Mourão