O espaço da História

Introdução

EM JEITO DE APRESENTAÇÃO.

Este esquisso, que pouco a pouco se vai transformando numa História Geral de Roma, tem por traves mestras as fontes clássicas gregas e latinas para o período.

Entre a historiografia contemporânea há que assinalar, em primeiro lugar, a “História de Roma” de S. I. Kovaliov (publicada em 1948; traduzida do italiano e publicada em castelhano pela Editorial Futuro SRL de Buenos Aires em 1959) e a “História de Roma” que de alguma medida V. Diakov lhe escreveu em resposta (por volta de 1956 e publicada em português pela Editora Arcádia).

Dos Atlas Históricos, o de Hermann Kinder e Werner Hilgemann, com colaboração para a cartografia de Harald e Ruth Bukor (editado em Munique em 1964 e com edição francesa da livraria Stock em 1968), e o da Larousse, de 2004, sob a direcção de Georges Duby.

Ferramenta indispensável foi ainda o Dicionário de Latim-Português da Porto Editora.

 

A Net é parte neste trabalho, e nos muitos Links que ir-se-ão incluindo poderá o leitor encontrar complementos de informação (regra geral, quase sem erros) e também outras teses e perspectivas, em parte confluindo, em parte divergindo com as que aqui são expostas.

 

Estudar e escrever História Geral é fascinante, porém algo maçudo. Entre outras “mazelas” costumeiras, frequentemente não se cotejam com as fontes clássicas todas as afirmações da historiografia moderna e contemporânea utilizada. Assim, “importam-se” e reproduzem-se erros, por vezes até incompreensões da tradução ou “gralhas” de impressão. Por outro lado, torna-se manifestamente ingrato ter de confirmar dados para, digamos, 1.200 anos de História, mas essa é também a única maneira de não dizer (muitas) asneiras. À medida que os capítulos deste trabalho forem exaustivamente revistos, iremo-lo assinalando na página de entrada do Site.

 

O texto divide-se em três partes, “Roma antiga até à primeira guerra púnica”, “a República na época das grandes conquistas” e “o Império”.

 

Os termos latinos vão em itálico, as citações a azul e os comentários e notas mais ou menos “desgarradas” a verde. Por vezes a um temo latino, como Hannibal ou Crustumerium (nome de uma povoação), segue-se, algumas linhas mais adiante, o correspondente português, Aníbal ou Crustumério.

 

Não se utilizam na datação as referências a “antes de Cristo” e “depois de Cristo”. Para as poucas datas em que isso se tornou necessário, empregam-se, ao invés, as expressões “antes da era” (ae) e “da era”.

 

A DIVISÃO DA HISTÓRIA DE ROMA EM PERÍODOS.

É consensual uma primeira subdivisão em 2 grandes períodos, a República e o Império, e quase todos situam por volta do ano 30 antes da era (um ano após a batalha de Áccio e aquando da morte de António) o limite cronológico entre estes períodos.

Mas esta é uma divisão convencional. Na realidade, o caminho em direcção ao Império já se faz visível com Sula, o primeiro ditador de poder ilimitado, e foi César o seu fundador de facto. Octaviano Augusto, que se considera o primeiro imperador, apenas teve de levar a termo a guerra civil que acabou de destruir a República.

Se quisermos assinalar, de modo objectivo, onde começam a ruína da República e o germinar do Império, então teremos de recordar que o início da decadência romana tem por base essa espécie de “globalização” do mundo clássico que foram as grandes conquistas na bacia do Mediterrâneo. Em consequência delas, os proprietários-modelo de escravos do género Catão causaram o empobrecimento e a proletarização das massas camponesas itálicas, provocando a crise da República romana, as guerras civis e o início do fim da sua própria sociedade esclavagista.

O tão celebrado Império configura-se como uma tentativa de conter o desenvolvimento da crise geral dessa sociedade. Afora a conquista de algumas regiões já influenciadas pela civilização romana, nos tempos de Augusto, e os gloriosos e breves momentos que correspondem aos reinados de Cláudio e Trajano, o esclavagismo romano havia perdido a sua força expansiva. A história do Império será, a partir de meados do século II da era, a de uma lenta e inexorável agonia.

 

Nas subdivisões que se seguem vamos considerar apenas o período histórico até ao final da República. No início da terceira parte deste trabalho, “o Império”, propor-se-á a respectiva subdivisão cronológica.

 

UMA SUBDIVISÃO PARA A ÉPOCA DA REPÚBLICA.

O chamado “período dos reis”, nos séculos VIII a VI. A estrutura social evolui a partir de uma simples associação de clãs ou gentes. Engels chamou à maior parte desse período “a época da democracia militar”, assinalando que no seu final, a partir do reinado de Sérvio Túlio, se transformou numa organização estadual de classes.

 

O período da república aristocrática dos patrícios e das lutas entre eles e os plebeus, que vai do século V a inícios do III.

É o período da formação da polis esclavagista romana e da conquista da Itália.

 

Vamos designar genericamente estes dois primeiros períodos, que abarcam desde o século VIII a inícios do III, pela expressão “história romana antiga” (apesar deste não ser o seu uso habitual).

 

O período da república oligárquica da nobreza patrícia e plebeia, dos inícios do século III ao ano 30 do século II.

Dão-se as grandes conquistas romanas. A economia esclavagista na Itália atinge o seu máximo desenvolvimento.

 

O período das guerras civis, do ano 30 do século II ao ano 30 do século I. Um período de movimentos revolucionários democráticos na Itália, dos socii, dos escravos, dos pobres livres. Já na sua época final, um tempo de lutas fratricidas, de “guerras entre as legiões”.

É a época da consolidação da potência mundial romana, da queda da República e do surgimento do Império.